Corrosão à beira-mar

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Um estudo das causas da corrosão dos metais usados na construção dos quiosques da orla marítima na cidade de Ilha Comprida, no litoral sul do estado de São Paulo, e a identificação botânica das madeiras dos decks foram o escopo do projeto executado em dezembro de 2018 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O estudo foi financiado pelo Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios (Patem), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.

A prefeitura de Ilha Comprida abriu no final de 2014 uma licitação para o projeto de execução de obras destinadas à requalificação da orla marítima, na qual foi incluída a construção de uma série de quiosques, decks e passarelas, que foram confeccionados basicamente em aço inoxidável e em madeira. “Os quiosques estão situados próximos ao mar, que é um ambiente considerado agressivo por conta da umidade e da presença de cloretos. Eles foram construídos com chapas e tubulações de aço inoxidável, e começaram a apresentar corrosão”, explica o pesquisador Sidney Oswaldo Pagotto Jr, do Laboratório de Corrosão e Proteção.

Na visita feita à cidade, a equipe do IPT constatou, a partir de inspeção visual, a existência de oxidação nas estruturas de aço inoxidável dos quiosques.
Quiosques estão situados próximos ao mar, que é um ambiente considerado agressivo por conta da umidade e da presença de cloretos...
Quiosques estão situados próximos ao mar, que é um ambiente considerado agressivo por conta da umidade e da presença de cloretos…
Segundo Pagotto, existem vários tipos de aço: alguns são mais adequados para a construção de estruturas que ficarão expostas à corrosão atmosférica em ambientes agressivos, enquanto outros não apresentam um desempenho satisfatório sob tais condições – no caso, as estruturas dos quiosques apresentavam ataque generalizado, enquanto que as tubulações usadas como corrimão nas passarelas tinham corrosão no estágio inicial.

Amostras do aço inoxidável usado na construção dos quiosques foram submetidas à avaliação pelo Laboratório de Processos Metalúrgicos, de maneira a caracterizar os elementos químicos presentes, pois variações na microestrutura e na composição química permitem identificar os diferentes tipos de aço.

Os resultados dos ensaios apontaram que chapas de aço inoxidável ferrítico haviam sido usadas na construção dos quiosques, enquanto que os tubos utilizados como corrimão das passarelas eram de aço austenítico, material com boa resistência à corrosão atmosférica; em razão disto, as peças feitas a partir dele não apresentavam os mesmos problemas de oxidação observados nos quiosques.

“Os testes confirmaram algo percebido durante a visita: havíamos levado um ímã ao local e a primeira avaliação apontava uma diferença entre os aços utilizados nos quiosques e no corrimão, porque o aço ferrítico é magnético e o austenítico, não. Os ensaios no laboratório serviram para corroborar as impressões observadas in loco”, afirma ele.

A solução recomendada pelo IPT para a estrutura dos quiosques foi a aplicação de um sistema de pintura composto por uma tinta de fundo (primer),
...e o projeto também contemplou a identificação botânica das madeiras dos decks e das passarelas.
…e o projeto também contemplou a identificação botânica das madeiras dos decks e das passarelas.
uma tinta intermediária (epóxi) e uma tinta de acabamento (poliuretano), com uma manutenção preventiva sugerida a cada seis meses ou até mesmo um ano. “Não adiantaria simplesmente limpar a superfície e repassivar o aço [formar uma nova camada protetora], porque ela voltaria a apresentar problemas de corrosão rapidamente”, explica Pagotto.

O projeto também contemplou a identificação botânica das madeiras dos decks e das passarelas pelo Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis. Os dois segmentos de madeira avaliados foram identificados como maçaranduba (Manilkara sp., Sapotaceae). “A maçaranduba é indicada tanto para construção civil pesada externa, como dormentes ferroviários, pontes, cruzetas e estacas, quanto para a pesada interna, como tesouras, vigas, caibros e assoalhos”, explica a técnica Claudia Janice Colombelli Agostini, do Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis.

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