Infraestrutura verde

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Águas pluviais direcionadas a jardins de chuva e a valetas vegetadas que exercem o ‘papel da natureza’ e permitem a sua infiltração, podendo minimizar a ocorrência de alagamentos e até mesmo inundações, são exemplos das chamadas técnicas de infraestrutura verde que serão avaliadas em um projeto em curso no Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Com o objetivo de reconhecer áreas no campus do IPT em São Paulo com histórico de acúmulo de águas pluviais, a Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais iniciou, em setembro de 2017, um projeto de capacitação de seus profissionais na identificação e seleção de técnicas de infraestrutura verde destinadas a minimizar os efeitos adversos das águas de chuva.

O objetivo do projeto é avaliar as tecnologias existentes relacionadas à capacidade natural de a vegetação e o solo reterem e absorverem grandes volumes de água de chuva. Denominadas de técnicas compensatórias em drenagem urbana, as soluções em infraestrutura verde são consideradas ambientalmente mais adequadas para o disciplinamento das águas pluviais em áreas urbanizadas, desempenhando múltiplas funções e trazendo benefícios ambientais, sociais e econômicos a um mesmo espaço.

Exemplo de registro fotográfico (primeira imagem) feito logo após uma chuva como atividade de mapeamento. Um <em>drone</em> foi usado para tomadas aéreas do Instituto e gerar mosaicos de imagens na forma de mapas (foto central) e modelos digitais de superfície (imagem inferior). É possível reconhecer diferentes elementos que compõem a paisagem (árvores, carros e edificações) e identificar pontos altos e baixos (verde e vermelho, respectivamente)” class=”wp-image-42376″ width=”323″/><figcaption class=Exemplo de registro fotográfico (primeira imagem) feito logo após uma chuva como atividade de mapeamento. Um drone foi usado para tomadas aéreas do Instituto e gerar mosaicos de imagens na forma de mapas (foto central) e modelos digitais de superfície (imagem inferior). É possível reconhecer diferentes elementos que compõem a paisagem (árvores, carros e edificações) e identificar pontos altos e baixos (verde e vermelho, respectivamente)
Segundo a pesquisadora e coordenadora do projeto, Maria Lucia Solera, a escolha do IPT para executar o projeto-piloto foi motivada pela facilidade do trabalho em área própria: “Chuvas mais fortes podem provocar acúmulo de água em pontos de baixadas do campus. A ideia do projeto é agrupar áreas com problemas de acúmulo de água e identificar o que elas têm em comum e, a partir de uma matriz de técnicas da infraestrutura verde, identificar quais têm potencial de aplicabilidade”.

Além disso, segundo a pesquisadora, a motivação em realizar o projeto também está ligada ao seu potencial de inclusão no tema das cidades sustentáveis.

O projeto tem previsão de duração de dois anos e está dividido em algumas etapas. Uma das primeiras atividades realizadas pela equipe do projeto foi o registro fotográfico em diferentes pontos no campus do Instituto em dias de eventos chuvosos, a fim de verificar áreas com repetição de acúmulo de águas pluviais. Em seguida, foi feita uma comparação com mapas gerados a partir de modelos digitais de superfície, criados a partir de registros aéreos com o uso do drone do Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental do IPT, para validar o que foi observado em campo. Outra unidade do Instituto participante é o Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis.

BIOENGENHARIA DE SOLOS – Após a identificação dos pontos no campus do IPT sujeitos ao acúmulo de águas pluviais, os pesquisadores irão escolher uma ou mais áreas e selecionar uma técnica (ou técnicas) de infraestrutura verde que melhor se aplicam aos locais. “Poderá ser instalada uma biovaleta, um jardim de chuva ou um canteiro pluvial, por exemplo; em seguida, será feito um monitoramento com previsão de duração de um ano, a fim de verificar se a solução proposta exerce a função destinada àquela área”, explica a pesquisadora.



Além da infraestrutura verde, a ideia da pesquisadora é utilizar no projeto conceitos de bioengenharia de solos, que é uma tecnologia na qual se associam materiais naturais (sementes, estacas e feixes de plantas vivas) a inertes (pedras, madeiras, metais e geotêxteis) que formam sistemas vivos e contribuem para estabilizar, proteger, recuperar e recompor segmentos. “É uma técnica tradicionalmente usada para estabilizar margens de cursos d’água e também taludes naturais ou construídos. Tentaremos combinar as duas tecnologias no estudo”, afirma ela.

Desde 2005, Maria Lucia estuda a bioengenharia de solos: a técnica foi primeiramente empregada para conter a erosão nas margens do reservatório da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, em um projeto de P&D para a Companhia Energética de São Paulo, a Cesp; em 2012, ela foi empregada em um projeto de pesquisa interdisciplinar com o objetivo de viabilizar a recuperação de áreas degradadas pela atividade de mineração a céu aberto, que foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Vale.

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