As novas perspectivas para a cadeia produtiva de terras-raras no Brasil foram discutidas na tarde de terça-feira, 11 de novembro, em um workshop promovido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas com a participação de representantes da Fundação Certi, do Ministério de Minas e Energia, da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e do próprio IPT. O encontro foi palco também da assinatura de um convênio para o estudo da redução eletroquímica do neodímio entre a CBMM e o IPT.
O superintendente geral da Fundação Certi, Carlos Alberto Schneider, apresentou detalhes sobre o tema terras-raras e o Projeto ETR-BR. O trabalho visava à implantação da cadeia produtiva do grupo de 17 elementos químicos, mais especificamente ímãs. “A movimentação em torno dessa ação para implantar uma cadeia de produtividade foi retomada em 2010 quando foi sugerido à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) que convidasse pesquisadores alemães a fazer um trabalho em conjunto com os brasileiros sobre o que é essa cadeia produtiva”, declarou Schneider.
Ainda em 2010 a Fundação Certi participou do trabalho realizado em sua primeira etapa, com a participação do instituto alemão Fraunhofer. Segundo Schneider, a autoria principal foi a dos brasileiros, porque os alemães investiram mais na questão de estudos dos ímãs, enquanto os brasileiros afirmavam que somente os ímãs não eram suficientes, mas o necessário era estudar a cadeia produtiva como um todo. Foram caracterizadas quatro grandes etapas (mineração/concentração, separação, redução/produção de liga e fabricação de ímãs) cada uma correspondendo a uma planta empresarial com suas características. O objetivo principal era transformar o minério em íons de terras raras, visando aplicações em geradores eólicos e em carros elétricos.
Todo o trabalho foi detalhado em 15 ações que seriam necessárias para buscar o domínio empresarial, tecnológico e científico. Foi incluso ainda um conjunto de ações necessárias para cada uma das etapas e níveis, como caracterização do mercado brasileiro e mundial, mapeamento de infraestruturas e gestão geral. O trabalho trouxe uma motivação muito grande para todos os envolvidos, mas nada aconteceu. Somente em 2013 o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação contratou a continuidade do estudo.
“Ações relevantes vêm acontecendo hoje. O Governo Federal inseriu a ação ETR-BR no programa Brasil Maior, que está fazendo articulações e inserindo nas políticas do governo questões que envolvem o tema terras-raras”, completou ele.
MAIOR VALOR AGREGADO – Elzivir Azevedo Guerra, diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral do Ministério de Minas e Energia, trouxe ao evento a política em pauta desde 2010 pelo Governo Federal para a cadeia produtiva de terras-raras. A retomada das ações nesse ano teve origem a partir de um pedido enviado ao então ministro de Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende pela comissão organizadora de um congresso brasileiro de terras raras, que havia ocorrido na cidade de Aracaju. Um grupo de trabalho foi criado em uma ação conjunta com o Ministério de Minas e Energia sobre minerais estratégicos.
“Percebemos a necessidade de mudar o modelo predominante da indústria mineral de produzir somente commodities para a fabricação de produtos de alta tecnologia. A agregação de valor e o adensamento da cadeia tecnológica da cadeia produtiva foram duas das diretrizes estabelecidas”, afirmou Guerra. A construção de um mapa de implantação integral da cadeia produtiva de terras raras incluiu a definição de quais minerais seriam considerados estratégicos pelo Governo Federal, e as terras-raras (assim como o lítio) foram classificadas na categoria cuja demanda deverá expandir-se nas próximas décadas – os chamados ‘portadores de futuro’.
A necessidade da implantação integral da cadeia produtiva, incluindo desde a produção das commodities até a geração de um novo modelo de industrialização, foi enfatizada na apresentação de Guerra: “Este é um ponto estratégico porque processos tecnológicos em diversos ramos da indústria dependem hoje das terras-raras, como equipamentos bélicos, peças e partes usadas no segmento das tecnologias de informação & comunicação e carros elétricos”, explicou ele. “Ações como o projeto Proterraras para desenvolver pesquisa, fortalecer a infraestrutura científica e tecnológica e fomentar a inovação com ampliação da participação de empresas de alto conteúdo tecnológico do setor minero-metalúrgico e a parceria entre o IPT e a CBMM funcionam como incentivos para um modelo que permita uma nova industrialização no Brasil”.
NOVO CAPÍTULO NA PARCERIA – O superintendente de produção da CBMM Clóvis Antônio de Faria apresentou o programa de desenvolvimento de processos e produtos e um breve perfil da empresa: “A CBMM não se propõe somente a vender nióbio: parte forte da nossa cultura é desenvolver ao máximo os processos tecnológicos”.
A CBMM divide o processamento de terras-raras em quatro etapas: concentração de minério, separação dos óxidos, adequação dos óxidos e aplicação final. “Para a terceira etapa que envolve a adequação dos óxidos, escolhemos o IPT para uma parceria. É uma fase importante, já que o Brasil não domina essa etapa”, acrescentou ele.
João Batista Ferreira Neto, responsável pelo Laboratório de Processos Metalúrgicos do IPT, lembrou em sua apresentação o histórico da parceria do Instituto com a CBMM, que teve início com projetos de aplicação do nióbio. Uma das mais importantes foi a mudança no processo de refino de concentrado do mineral para uma operação mais limpa, e em agosto de 1997 a CBMM tornou-se a primeira empresa de mineração e metalurgia do mundo a obter a certificação de gestão ambiental ISO 14001. Hoje, a parceria se expande com o projeto de redução eletroquímica do neodímio.
“A produção do minério e a concentração em óxido são etapas dominadas, enquanto a produção de ligas, de pós e de ímãs sinterizados já têm uma certa capacitação no Brasil por universidades e institutos de pesquisas, mas a etapa de obtenção do metal ainda não está dominada no País. Este será um grande desafio no convênio assinado entre o Centro de Tecnologia em Metalurgia e Materiais do IPT e a CBMM”, completou ele.
O superintendente geral da Fundação Certi, Carlos Alberto Schneider, apresentou detalhes sobre o tema terras-raras e o Projeto ETR-BR. O trabalho visava à implantação da cadeia produtiva do grupo de 17 elementos químicos, mais especificamente ímãs. “A movimentação em torno dessa ação para implantar uma cadeia de produtividade foi retomada em 2010 quando foi sugerido à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) que convidasse pesquisadores alemães a fazer um trabalho em conjunto com os brasileiros sobre o que é essa cadeia produtiva”, declarou Schneider.
Ainda em 2010 a Fundação Certi participou do trabalho realizado em sua primeira etapa, com a participação do instituto alemão Fraunhofer. Segundo Schneider, a autoria principal foi a dos brasileiros, porque os alemães investiram mais na questão de estudos dos ímãs, enquanto os brasileiros afirmavam que somente os ímãs não eram suficientes, mas o necessário era estudar a cadeia produtiva como um todo. Foram caracterizadas quatro grandes etapas (mineração/concentração, separação, redução/produção de liga e fabricação de ímãs) cada uma correspondendo a uma planta empresarial com suas características. O objetivo principal era transformar o minério em íons de terras raras, visando aplicações em geradores eólicos e em carros elétricos.
Todo o trabalho foi detalhado em 15 ações que seriam necessárias para buscar o domínio empresarial, tecnológico e científico. Foi incluso ainda um conjunto de ações necessárias para cada uma das etapas e níveis, como caracterização do mercado brasileiro e mundial, mapeamento de infraestruturas e gestão geral. O trabalho trouxe uma motivação muito grande para todos os envolvidos, mas nada aconteceu. Somente em 2013 o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação contratou a continuidade do estudo.
“Ações relevantes vêm acontecendo hoje. O Governo Federal inseriu a ação ETR-BR no programa Brasil Maior, que está fazendo articulações e inserindo nas políticas do governo questões que envolvem o tema terras-raras”, completou ele.
MAIOR VALOR AGREGADO – Elzivir Azevedo Guerra, diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral do Ministério de Minas e Energia, trouxe ao evento a política em pauta desde 2010 pelo Governo Federal para a cadeia produtiva de terras-raras. A retomada das ações nesse ano teve origem a partir de um pedido enviado ao então ministro de Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende pela comissão organizadora de um congresso brasileiro de terras raras, que havia ocorrido na cidade de Aracaju. Um grupo de trabalho foi criado em uma ação conjunta com o Ministério de Minas e Energia sobre minerais estratégicos.
“Percebemos a necessidade de mudar o modelo predominante da indústria mineral de produzir somente commodities para a fabricação de produtos de alta tecnologia. A agregação de valor e o adensamento da cadeia tecnológica da cadeia produtiva foram duas das diretrizes estabelecidas”, afirmou Guerra. A construção de um mapa de implantação integral da cadeia produtiva de terras raras incluiu a definição de quais minerais seriam considerados estratégicos pelo Governo Federal, e as terras-raras (assim como o lítio) foram classificadas na categoria cuja demanda deverá expandir-se nas próximas décadas – os chamados ‘portadores de futuro’.
A necessidade da implantação integral da cadeia produtiva, incluindo desde a produção das commodities até a geração de um novo modelo de industrialização, foi enfatizada na apresentação de Guerra: “Este é um ponto estratégico porque processos tecnológicos em diversos ramos da indústria dependem hoje das terras-raras, como equipamentos bélicos, peças e partes usadas no segmento das tecnologias de informação & comunicação e carros elétricos”, explicou ele. “Ações como o projeto Proterraras para desenvolver pesquisa, fortalecer a infraestrutura científica e tecnológica e fomentar a inovação com ampliação da participação de empresas de alto conteúdo tecnológico do setor minero-metalúrgico e a parceria entre o IPT e a CBMM funcionam como incentivos para um modelo que permita uma nova industrialização no Brasil”.
NOVO CAPÍTULO NA PARCERIA – O superintendente de produção da CBMM Clóvis Antônio de Faria apresentou o programa de desenvolvimento de processos e produtos e um breve perfil da empresa: “A CBMM não se propõe somente a vender nióbio: parte forte da nossa cultura é desenvolver ao máximo os processos tecnológicos”.
A CBMM divide o processamento de terras-raras em quatro etapas: concentração de minério, separação dos óxidos, adequação dos óxidos e aplicação final. “Para a terceira etapa que envolve a adequação dos óxidos, escolhemos o IPT para uma parceria. É uma fase importante, já que o Brasil não domina essa etapa”, acrescentou ele.
João Batista Ferreira Neto, responsável pelo Laboratório de Processos Metalúrgicos do IPT, lembrou em sua apresentação o histórico da parceria do Instituto com a CBMM, que teve início com projetos de aplicação do nióbio. Uma das mais importantes foi a mudança no processo de refino de concentrado do mineral para uma operação mais limpa, e em agosto de 1997 a CBMM tornou-se a primeira empresa de mineração e metalurgia do mundo a obter a certificação de gestão ambiental ISO 14001. Hoje, a parceria se expande com o projeto de redução eletroquímica do neodímio.
“A produção do minério e a concentração em óxido são etapas dominadas, enquanto a produção de ligas, de pós e de ímãs sinterizados já têm uma certa capacitação no Brasil por universidades e institutos de pesquisas, mas a etapa de obtenção do metal ainda não está dominada no País. Este será um grande desafio no convênio assinado entre o Centro de Tecnologia em Metalurgia e Materiais do IPT e a CBMM”, completou ele.