O diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), João Fernando Gomes de Oliveira, participou na terça-feira, 19, de workshop da Ford, em São Paulo, no shopping Cidade Jardim, sobre eletrificação de veículos e sustentabilidade. Oliveira fez palestra para uma plateia de 40 jornalistas do setor automotivo de todo o país e falou sobre oportunidades, desafios e aspectos de sustentabilidade das novas tecnologias de mobilidade.
Depois de apresentar uma retrospectiva histórica da atuação do Instituto, o diretor-presidente destacou suas atuais contribuições para o setor automotivo, como os testes de resistência à vibração (para avaliar a resistência de sistemas durante a fase de uso), testes de suspensões e de desempenho de motores.
Oliveira também falou da importância de envolver a sustentabilidade em novos projetos. “Esse tema é o grande propulsor de iniciativas hoje”, afirmou. Ao analisar as implicações sociais da sustentabilidade, ele mostrou dados sobre o déficit de áreas cultiváveis no planeta, que hoje é da ordem de 0,4 hectare por habitante, considerando uma população mundial de 6,15 bilhões de pessoas e terras cultiváveis de 11,3 bilhões de hectares.
O diretor-presidente do IPT também destacou as vantagens da propulsão elétrica em relação aos motores convencionais a explosão. Além de não emitir dióxido de carbono (CO2), o carro puramente elétrico também é mais eficiente na conversão de energia em movimento. Enquanto um veículo movido a etanol, por exemplo, tem eficiência de 25%, um carro elétrico pode chegar a 75%, em função de sua simplicidade mecânica. Enquanto o conjunto de propulsão de um carro convencional tem milhares de peças, no caso do elétrico esse conjunto é de apenas 100 peças. Esse fator também tem outro desdobramento, que é um processo de manufatura menos impactante para o meio ambiente.
Atualmente, a propulsão elétrica, no entanto, esbarra nas dificuldades de tecnologia de baterias, que ainda precisam ser aperfeiçoadas quanto à capacidade de reter cargas para que o veículo tenha mais autonomia. Mas, enquanto isso não acontece, as montadoras procuram se antecipar na corrida tecnológica, principalmente para mitigar os impactos ambientais da mobilidade.
Por essa razão, o consumidor assistirá nos próximos anos à expansão da hibridização de veículos, tecnologia que consiste em dotar o sistema elétrico dos veículos de mais funcionalidades para que ele atue como sistema auxiliar de propulsão ao motor convencional. O veículo híbrido não chega a ter emissão zero, mas seu impacto ambiental em relação às tecnologias convencionais é menor, pois esses veículos queimam menos combustível. Segundo Oliveira, esse processo está levando a um ciclo de transformação na indústria automobilística mundial. “Se, nesse cenário de inovação radical, o Brasil ficar de fora, poderá ter grandes perdas, em termos de produção e exportações de carros, assim como de autopeças”, afirmou.