O governador José Serra manifestou apoio ao projeto de construção de uma planta-piloto para a gaseificação de bagaço de cana, que será articulada pelo IPT, ao participar no sábado, 27, da solenidade de 110 anos do Instituto, na Sala São Paulo – Estação Júlio Prestes. “O que nós queremos é aumentar a produção de etanol, mas sem aumentar a área plantada, que já é muito grande”, disse. A planta-piloto deverá ser instalada no Parque Tecnológico de Piracicaba. Serra afirmou que o IPT trabalha para reforçar o aumento de competitividade do setor em um contexto em que a produtividade da cana-de-açúcar no Estado já é considerada a maior do mundo.
Serra falou do apoio ao projeto enquanto discursava para a plateia de cerca de 800 pessoas sobre o papel nacional do Instituto em sua história. “O IPT expressa bem a contribuição do Estado de São Paulo ao país, ao seu desenvolvimento material”. O governador disse que o Estado, que investe cerca de 10% das receitas do ICMS em suas universidades, é responsável por dois terços da produção científica do país. Afirmou ainda que esse desempenho ocorre graças aos investimentos do governo estadual e que, por meio de seus projetos, o IPT é atualmente um bom exemplo do que deve ser o ativismo estatal, diferentemente do passado quando o Estado tinha um papel produtor, liderando empresas que depois foram privatizadas por conta da crise econômica.
Segundo Serra, os 150 milhões de reais que estão sendo aplicados no IPT até 2010 provêm da venda da Nossa Caixa: “Não há sentido em manter um banco comercial, a área financeira é muito complicada e o IPT está ingressando em novas áreas de pesquisa graças a esses recursos”.
O secretário de Desenvolvimento do Estado, Geraldo Alckmin, também considerou o investimento como um marco histórico para o Instituto. “É o maior investimento já realizado no IPT”, disse. Em seu discurso, Alckmin lembrou a importância do projeto do Laboratório de Estruturas Leves (LEL), que está sendo instalado no Parque Tecnológico de São José dos Campos, e destacou áreas estratégicas para o projeto de modernização do Instituto, como nanotecnologia, microscopia eletrônica e os projetos de capacitação laboratorial que estão sendo viabilizados. “Somente este ano, R$ 57 milhões de investimento estão devidamente confiados à competência e ao espírito público do professor João Fernando Gomes de Oliveira [diretor-presidente do IPT], que conta com uma equipe formada pela nata da comunidade científica de nosso país”.
A solenidade dos 110 anos do IPT também contou com discurso do vice-governador do Estado, Alberto Goldman. Ele disse que “quem quiser saber a historia de desenvolvimento do Estado e do país vai encontrar a presença do IPT em avenidas, estradas e no setor industrial”. Goldman afirmou que a história do IPT se confunde com a história do desenvolvimento do país. “Isso tem um valor imenso, porque o IPT é um grande instrumento do crescimento, em inovação e pesquisa e até como instrumento para alavancar tecnologias no setor privado”.
As comemorações na Sala São Paulo foram abertas pelo prof. João Fernando, que fez para o público uma retrospectiva histórica, desde a fundação do Instituto em 1899. O professor destacou a importância de ver a história pelo aspecto da tecnologia e contou fatos curiosos, como o desenvolvimento do concreto no país e a importância do IPT no conhecimento desse ‘novo material’ no começo do século 20, como um personagem fundamental para o conhecimento de suas propriedades físicas e mecânicas.
João Fernando também falou do desenvolvimento da indústria metalúrgica e como inicialmente ela esteve envolvida com a Revolução Constitucionalista, nos anos 30, quando o IPT passou a fabricar armas para dar suporte ao Estado, sobretudo com base na tecnologia de fundição. “Nessa época, o IPT chegou a fabricar 10 mil granadas por dia”, afirmou.
O diretor-presidente destacou os primeiros passos da indústria aeronáutica no país, que recebeu contribuições graças ao conhecimento sobre madeira no IPT. Inspirado em um modelo norte-americano, o IPT projetou o Paulistinha, aeronave que teve 800 unidades construídas pela Companhia de Aviação Paulista (CAP), fundada por Francisco Pignatari, e depois mais 250 unidades feitas por outra empresa.
Representando toda a comunidade ipeteana, o pesquisador Marcio Nahuz, que atua no CT-Floresta desde 1969, foi homenageado pelo governador José Serra com uma placa comemorativa.
A solenidade foi encerrada com um show de música popular brasileira com os instrumentistas Paulo Moura, no clarinete, e Cliff Korman, ao piano. Tocaram composições como Viola Quebrada, de Villa Lobos e Mario de Andrade, Ronda, de Paulo Vanzolini, Sampa, de Caetano Veloso, e Trem das Onze, de Adoniram Barbosa. Ao final, Moura convidou o professor João, que é saxofonista, para subir ao palco e dar uma canja musical aos convidados. O público aplaudiu de pé o final da apresentação, com duas vozes de sopro.
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