Geologia atende emergências

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As ocorrências climáticas associadas a enchentes e deslizamentos em Santa Catarina em 2008 podem ser comparadas às do Vale do Paraíba em 1948, da cidade de Caraguatatuba em 1967, de Petrópolis e do Rio de Janeiro em 1988? Segundo Agostinho Ogura, pesquisador do Laboratório de Riscos Ambientais do IPT, cada um destes acontecimentos tem uma dinâmica diferente e um impacto único, mas todos merecem igual atenção dos responsáveis pela coordenação de desastres e gestão de riscos.

A afirmação do pesquisador foi feita no “III Encontro Nacional sobre Mudanças Climáticas e Defesa Civil”, realizado no dia 30 de setembro na Escola Politécnica da USP pela Associação Brasileira de Ecologia, de Prevenção à Poluição e Defesa Civil (Abeppolar). A palestra de Ogura teve como tema as experiências do Instituto na aplicação do conhecimento geológico em atendimentos de emergência, mostrando algumas das atuações recentes em situações de escorregamentos, enchentes e inundações.

Ogura afirmou que, independentemente das mudanças climáticas, o território brasileiro possui uma série de vulnerabilidades: “Temos uma série de áreas de riscos, pois há um quadro natural e sócio-econômico no Brasil propenso à ocorrência de desastres naturais. É lógico que não vamos sofrer acidentes nas dimensões de um terremoto ou um tsunami, como ocorridos na Indonésia e em Samoa, mas temos outras situações de risco que merecem atenção”, afirmou ele.

Após fazer um breve histórico da parceria do IPT com a Defesa Civil estadual, Ogura destacou o atendimento a duas situações de emergência. A primeira foi o desastre em Santa Catarina, ocorrido no final de 2008. Depois, os deslizamentos causados pelas chuvas na cidade do Guarujá, em fevereiro deste ano. O objetivo da apresentação foi trazer exemplos de cenários de riscos geológicos associados a escorregamentos e discutir procedimentos de segurança em ações de salvamento e busca de corpos.

Ainda sobre Santa Catarina, Ogura lembrou que os deslizamentos ocorridos em Blumenau no ano passado não constituíram surpresa, pois em 1990 a cidade já sofrera grandes perdas em razão da ocupação desordenada das encostas. O pesquisador contou aos participantes do encontro como se deu o atendimento técnico da equipe do IPT, com o enfrentamento de uma situação diferente no Complexo Geológico do Morro do Baú.

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“Havia um misto de ocupação rural com urbana. Os trabalhos realizados pelo IPT incluíram o apoio às vistorias técnicas nas ações de busca e salvamento, a análise das condições de risco e estabelecimento de procedimentos para o controle das ações nas áreas atingidas, a identificação de cenários de riscos e a definição de critérios de interdição e remoção de pessoas de forma segura”, explicou o pesquisador, lembrando ainda das operações de vistorias especiais na área, como a verificação das condições de trechos do gasoduto Brasil – Bolívia após o desastre.

Ogura concluiu sua apresentação respondendo às dúvidas da plateia. Perguntado se havia alguma relação entre a retirada de grandes quantidades de petróleo do subsolo e alterações geológicas do solo – e também se o Brasil correria algum risco com a exploração do pré-sal – o pesquisador lembrou que os riscos são inerentes à indústria do petróleo em todas as suas etapas, desde a prospecção até o abastecimento. Segundo ele, atenção especial deve ser dada pela engenharia na questão dos riscos externos, que não estão diretamente ligados ao projeto. “Na região litorânea do Brasil, temos uma série de condições do ponto de vista de desastres naturais que merecem ser analisadas, como na região da Serra do Mar, sujeita a chuvas intensas e riscos de escorregamentos, que podem causar acidentes de diversas naturezas”.

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