Etanol e corrosão

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No Brasil, o etanol é utilizado com sucesso há mais de 40 anos como combustível ou aditivo da gasolina; internacionalmente, é sobretudo empregado da segunda forma. Com o aumento do volume do etanol a ser transportado, o transporte do composto, inicialmente feito por rodovias, hidrovias e ferrovias, inclui desde 2013 os dutos, que oferecem uma série de vantagens econômicas e ambientais. E isso levanta uma série de perguntas sobre o efeito do etanol em contato com essas estruturas.

Corpos de prova de aço-carbono em ensaio de corrosão
Corpos de prova de aço-carbono em ensaio de corrosão
Nesse contexto, profissionais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolveram um conjunto de mais de dez estudos ao longo de sete anos. Esses estudos foram reunidos em um projeto intitulado The importance of ethanol’s corrosivity knowledge for pipelines transportation (A importância do conhecimento da corrosividade do etanol para transporte em dutos, em tradução livre).

Os pesquisadores estudaram questões relacionadas à corrosividade, absorção de água, efeito das diferentes fontes de etanol, efeito de gases inertes, efeito da acidez total e do teor de água e efeito de possíveis contaminantes presentes no combustível, entre outros. “Os sistemas de transferência são feitos sobretudo de estruturas metálicas. Problemas de corrosão, por exemplo, podem causar acidentes, incorrendo em danos irreparáveis ao meio ambiente e à saúde da população” aponta Anna Ramus Moreira, pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT e uma das organizadoras do projeto.

O conjunto de estudos trouxe contribuições importantes para a área, publicadas em quinze artigos com as conclusões detalhadas de cada estudo. Entre elas estão o desenvolvimento de metodologias de ensaio e determinação de parâmetros, bem como o estudo do aumento (ou não) da corrosividade do etanol de acordo com a presença ou ausência de outras substâncias.

Um exemplo é a hidratação do álcool acima de 7% (sendo 7,4% o que transforma o álcool anidro no etanol combustível brasileiro) que, em testes de imersão, ocasionou a corrosão localizada de estruturas. Atmosferas ricas em oxigênio nesse tipo de teste não apresentaram corrosão do aço carbono – o que aponta para a formação de uma película protetora na superfície sob esse tipo de atmosfera. Outros resultados indicaram ainda que, mesmo uma corrosão incipiente, causa alteração na cor do meio – ou seja, do etanol – deixando-o fora das especificações normativas.

O projeto foi um dos cinco finalistas do Global Pipeline Award, maior prêmio voltado ao segmento de dutos e concedido pela American Society of Mechanical Engineers (Asme) em setembro de 2019. O documento submetido traz, além dos exemplos relacionados, mais 11 contribuições do estudo para a área. “Como resultado do projeto, o setor de dutos tem informações disponíveis sobre aspectos a serem considerados para o transporte e o armazenamento, principalmente quando as mesmas instalações são usadas para etanol e derivados de petróleo”, finaliza a pesquisadora.

Para conhecer o projeto, é possível acessar o documento submetido ao Global Pipeline Award abaixo, que contém o resumo dos estudos e as principais contribuições do projeto para a área.

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